17 de setembro de 2015

Transfusão de sangue

Ah, meu Fluminense...

A reunião se deu na noite de 31 de março de 2015. A pauta era a aprovação do orçamento 2015, algo que numa instituição gerida de forma séria deveria ser assunto encerrado a pelo 3 meses e algumas semanas.

O conselho parecia feito de cartas marcadas e diante de si havia um picadeiro. Horas a fio foram tomadas com discursos inócuos e quando o verdadeiro debate chegou a palavra foi negada aos conselheiros oposicionistas que a pediram em nome da celeridade e do alto da hora, por um presidente de conselho arquetípico do grupo político que representa.

O pedido era que o conselho aprovasse um orçamento deficitário em aproximadamente 40 milhões de reais. Ou seja, passasse um cheque onde se diz, podemos gastar 40 milhões a mais do que temos de receitas previstas no exercício. O argumento era que ali não se contabilizava as receitas extraordinárias, leia-se venda de jogadores, Leia melhor ainda: Kennedy, hoje no Chelsea, e Gerson, a caminho do Roma. Fechou a conta senhores?

Pois há muito mais no amplo universo do clube do que a parte administrativa de suas contas. Não, a venda de Gerson e Kennedy não foram suficientes para tapar o rombo. O pouco retorno técnico de ambos ao longo do ano não se confirmou tampouco em diferença capaz de atenuar a situação vigente. Então deixemos os rapazes de lado para dar atenção ao que merece. Quem promoveu a contratação de 3 técnicos e os demitiu? Quem optou e decidiu por uma pré-temporada em Orlando? E a equipe de scout que alegam ter acertado 50% das contratações? Qual 50%?

O que fazem com nosso clube hoje é um acinte da pior espécie. Aprendi com as pessoas mais experientes que lá estão que não faltam recursos. A dívida é sim muito grande, mas todo ano continua havendo um grande fluxo de capital. O problema não é falta de dinheiro. O problema é a ingerência. A abissal estupidez. O servir-se do clube para propósitos escusos. Pois ao contratar 3 técnicos e demitir 3 técnicos - chegaremos ao quarto - admite-se no mínimo que se errou 3 vezes. Sem contar o que não posso provar e não estou sendo leviano em afirmar: num universo de dezenas de contratos de alto valor sendo pagos todos os meses, quantos acordos verbais que possivelmente lesam o clube não acontecem o tempo todo? Olhem os jornais, para fora do Facebook há uma vida real.

Voltemos a reunião do conselho do dia 31 de março de 2015. Naquela noite desfilava o senhor vice presidente remunerado (atividade que fere o estatuto do clube) Mario Bittencourt com seu par de sapatos de cromo alemão e o nosso aclamado e omisso presidente Peter Siemsen pelo Salão Nobre com seus ares de que nada de excepcional estava acontecendo, o primeiro caminhava como se fosse o dono do clube, e o segundo a rainha da Inglaterra, com sorrisos e tapinhas nas costas em conversas travadas com pessoas que sabidamente não se gostavam. Eu observava e refletia "Nossa, como eu amo esse Salão, mas que ambiente sinistro." - enquanto isso, ao lado esquerdo de quem chegava no salão, sentava-se uma turba de conselheiros que pareciam os eleitores da Dilma que abanavam bandeirinhas ou estariam ali por um sanduíche de mortadela. Afirmo porque percebia que obedientes e cativos seguiam as orientações cativas do animador de palco que andava por ali. Mas eu imaginava na sempre inabalável fé pelo melhor, no amor ao clube, a votação não vai passar, mas graças a essa mesma massa de manobra do conselho, na hora da votação, passou.

Hoje temos no orçamento um cabide de PJs sem fim. Isso significa MILHÕES de reais que saem legalmente do clube.

Enquanto isso o senhor Mario Bittencourt não responde as acusações feitas publicamente por Elias Duba de que é agente de jogador, e se imiscui em abraços com atletas que são de um falta de conduta tão exemplar do que não deve ser feito, que me pergunto se ainda faltam motivos para execrar sua função do cargo? Não faltam, mas sobram, pois há ainda muito mais. Os holofotes da imprensa são muito queridos ao senhor Mario Bittencourt, e ele versa com desenvoltura sobre os assuntos do clube, afinal se farta do clube e a ele nada retorna senão resultados que aí estão para todos observarem.

Cabe ainda ressaltar aos que defendem o indefensável: é um péssimo advogado. Eu não tenho nada pessoal contra o senhor Mario Bittencourt ou o senhor Peter Siemsen, apenas amo muito meu clube, e vejo há anos o quão destrutivos essas duas figuras e seu séquito FLUSÓCIO são a uma instituição centenária. Digo sem medo de errar que o senhor advogado Mario Bittencourt é fraco pois usou o Lusagate para se promover e atrair para si os holofotes da imprensa, choveu no molhado, fazendo o Fluminense conseguir o que conseguiria de qualquer maneira, mas reverberando tanta atenção através de sua vaidade e verborragia que promoveu ainda mais a antipatia da imprensa e opinião pública contra o clube.

E pra terminar, perguntar não ofende, podemos ver todos os contratos do clube? Cadê a auditoria, promessa de campanha da primeira gestão Siemsen?

Nem todo mundo esquece...

Agora estamos tentando salvar o ano? Como assim? Salvar o ano pra mim é conquistar pelo menos um título. Vamos chegar na final da CB que talvez possamos salvar o ano. Lutar para não cair, e enfrentar essa sequência negativa que estamos atravessando não é salvar o ano. É reflexo de um desastre em todas as esferas, que começam em cascata desde a cadeira do presidente. Senhor presidente, o senhor é a tradução inequívoca do vocábulo OMISSÃO. Eu também acho golf um esporte muito legal. Mas é um dos poucos que não temos ou nunca tivemos no nosso clube. É possível que o senhor fosse mais feliz jogando golf sem ter que ser cobrado a essas responsabilidades chatas de um clube que insiste em ser tão amado. Mas caso o senhor opte por não pedir o boné e ir jogar golf eu me prontifico a fazer uma doação de sangue para o senhor, por amor ao clube. Meu tipo é A positivo, acho que dos mais comuns, talvez não tão azul como o do senhor, mas TRICOLOR. Talvez assim o senhor possa ter a firmeza que se espera de um presidente e aprenda a dizer NÃO com sangue nos olhos, diretamente na cara de quem achincalha nosso clube. E não de longe, ou por recado, ou pelo silêncio como forma de resposta. Mas eu entendo que isso tudo pode ser muito difícil para o senhor. Aqueles gramados verdes continuarão lá.... não os de balizas com redes onde jogava um clube tantas vezes campeão, para o senhor os gramados de buracos numerados.


Olympio Dumont
Socio proprietario e membro do Esperança Tricolor

Nenhum comentário:

Postar um comentário