26 de setembro de 2014

Futebol brasileiro e a desgovernança corporativa

Na ultima segunda-feira, o Dr. Celso Barros, presidente da Unimed, patrocinadora do Fluminense, confirmou que haverá redução de investimentos a partir da próxima temporada e questionou a postura dos atuais gestores no trato das renovações dos contratos de atletas que se encerram no fim deste ano.

Contudo, é nas entrelinhas da entrevista ao GloboEsporte.com que Dr. Celso transmite a mensagem mais importante: “Eu não sou time, não tenho time. Sou até tricolor por acaso, mas a Unimed não tem um time”. Traduzindo: o investimento acontece porque está de acordo com as estratégias de marketing da cooperativa de saúde. E ele preza pela boa governança e futuro da empresa que preside.

O sistema de Governança Corporativa, segundo o IBGC* “determina como as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre as partes relacionadas. As boas práticas de governança convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando acesso a recursos e contribuindo para a sua longevidade”.

A adoção de práticas orientadas por esse sistema, possivelmente, seja a solução para alguns dos problemas vividos pelos clubes brasileiros, uma vez que a falta de transparência dos clubes e de profissionalismo de seus dirigentes não são fatores que contribuem negativamente apenas o para Fluminense. 

Atualmente, cinco dos 20 clubes da Série A não possuem patrocinador master: Bahia, Goiás, Palmeiras, São Paulo e Santos, os três últimos da cidade de maior capacidade financeira do País. Oito são patrocinados por um banco estatal – dentro de uma política de investimentos extremamente questionável – e quatro por dois bancos regionais, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

Portanto, há de se valorizar o patrocínio da Unimed e, mais do que isso, utilizar o conhecimento de seus gestores e as Boas Práticas empregadas pela cooperativa para a evolução e fortalecimento do Fluminense. 

Quinze anos depois de – junto do torcedor e de Parreira – ajudar a nos tirar do CTI, onde chegamos após inúmeros golpes de quem ignorou o "Football" em nosso nome, a Unimed ainda não tem um time. Mas quem sabe um dia ela grite "sou... sou tricolor... sou tricolor de coração..."

#esperancatricolor

Twitter: @ETFLUMINENSE


23 de setembro de 2014

Como destruir uma reputação

Dr. Mário Bittencourt sempre teve uma atuação brilhante como advogado do Fluminense. Vários jogadores foram absolvidos com argumentações fantásticas feitas por nosso excelente defensor.

Quando o Fred chegou ao Brasil se envolveu em vários problemas com os juízes. Foi expulso, acusado de agredir outros atletas em campo e até confusão com juiz teve na final da Sulamericana de 2009. E sempre foi defendido e teve suas punições abrandadas graças ao trabalho do Dr.Mário.

Ano passado com a confusão entre Flamengo e Portuguesa, curiosamente mal explorada e investigada pela imprensa que preferiu criar o velho jogo de cena mocinho vítima pobrezinho (Portuguesa) x vilão bandido malvado (Fluminense), Dr.Bittencourt apareceu definitivamente no cenário nacional. Fez uma defesa da punição aos dois clubes de maneira incisiva, competente e muito mais preparada que qualquer outro advogado presente.

Resultado disso foi que se por um lado o Fluminense terminou beneficiado e se livrou do rebaixamento com a justa e correta punição aos clubes que cometeram infrações graves, o clube definitivamente teve sua imagem afetada pela participação no processo de maneira tão midiática.

E resultado final disso, Dr.Mário se tornou uma celebridade entre os tricolores. E associado a isso o passo seguinte foi considerar que ele seria o candidato ideal da situação, apoiado pelos grupos políticos que a compõe.

Ato seguido era necessário um outro passo: assumir o futebol. E assim foi feito. Dr.Mário passou a dividir os tribunais com o campo. Se tornou o responsável pelo carro chefe, produto estrela do clube e sua razão de existir.

Mas esse movimento pelo que se diz não deu certo. O advogado brilhante se tornou um VP medíocre, confirmando que medíocre é na média e não ruim. Não conseguiu trazer reforços para as posições carentes a altura das tradições do Fluminense. Não conseguiu renovar contratos. Não conseguiu manter o grupo unido e motivado. Entrou em polêmicas e agora se mete em uma nova com a UNIMED e seu mandatário. 

Ou seja, dividimos um excelente advogado e não ganhamos um VP.

Ainda acho que o Dr. Mário é uma boa pessoa e que será um bom candidato. Mas ele precisa atuar aonde é bom. Um goleiro normalmente não atua bem de meio campo. Um camisa 9 não é bom 2. Isso é futebol, vida real, vida de boleiro. E não um livro de leis. Quem não sabe a linguagem da bola, se perde nesse meio. A pensar...

Danilo Fernandes 
Sócio contribuinte e membro do ESPERANÇA TRICOLOR 

10 de setembro de 2014

Formação de elenco

Amigos,

No aguardo da partida de amanhã, jogo bastante complicado contra um Figueirense, que vem escalando a tabela de classificação. Curiosamente a partida ocorre no estádio que de certa forma, foi um divisor de águas para o Fluminense, no sofrido e inesquecível ato final da Copa do Brasil de 2007. Após aquele confronto, o Fluminense foi protagonista nos anos seguintes, conquistando dois campeonatos brasileiros e chegando a duas finais em nível sulamericano, além de mais um título estadual.

Da mesma forma, cumpre dizer que o protagonismo foi transformado em antagonismo no ano passado. Num ano de 2013 errado do início ao fim, o Fluminense contou com erros praticamente similares de dois adversários, que fizeram o clube não amargar novo rebaixamento. Muito da campanha trágica se deveu a um elenco mal montado e principalmente mal reposto, notadamente quando foram vendidos Wellington Nem e Thiago Neves, dois expoentes dos títulos de 2012.
Voltando ao jogo de amanhã e considerando os inúmeros desfalques, remetemo-nos automaticamente ao dilema do elenco. A falta de reposição nos leva à Florianópolis com apenas dois zagueiros de origem, sendo um deles o discutível Elivélton e com Kennedy, Biro-Biro e Matheus Carvalho como as opções ofensivas, o que convenhamos, nos fará depender excessivamente do fator sorte.

E no dia de hoje, o clube finaliza uma contratação que carece de explicações. O goleiro Julio César, que não deixou saudades no Botafogo, acertou com o clube. Prioriza-se uma posição que já contava com quatro opções e que sabidamente no ABC do futebol não comporta dois jogadores atuando ao mesmo tempo. Não há lógica nenhuma em tal aquisição, ainda mais num momento de decantada escassez de dinheiro.

Falando em ABC, informações dão conta que o lateral-direito Renato, emprestado ao clube potiguar pelo Sport, deve chegar às Laranjeiras. Nada contra o atleta, mas parece que o discurso do atual VP de futebol, que diz que deve haver criatividade nas negociações, está sendo levado ao pé da letra. Pois as negociações de hoje são inacreditavelmente criativas.

A direção do clube precisa prospectar recursos, pois ao que tudo indica a patrocinadora reduzirá o montante para o ano que vem. Ao mesmo tempo, atuar com maior coerência no mapeamento de talentos e consequente ataque ao mercado. O Bom, Bonito e Barato sempre se mostrou Ruim, Feio e Caro. E isto, somado ao claudicante processo de transição da base e na já comentada redução nos investimentos da patrocinadora, resultará num elenco que nos fará passar sufoco.

Danilo Jeolás
Sócio e Membro do ESPERANÇA TRICOLOR