22 de fevereiro de 2016

Quem TV, tem o direito de saber.

Esperançosos Tricolores,


A discussão em curso no futebol brasileiro, envolvendo a entrada do Grupo Turner nas transmissões do Campeonato Brasileiro a partir de 2019 em concorrência com o dueto Globo/Globosat e principalmente o posicionamento de alguns clubes em assinar com o conglomerado norte-americano (representado no Brasil pela emissora de TV paga Esporte Interativo), obriga-nos a indagar sobre a linha de condução da direção do Fluminense em relação ao tema.

Aparentemente imbuída de liderar ou ao menos estar na locomotiva de clubes que objetivam mudanças nas relações e direcionamentos do futebol brasileiro, estratégia claramente tipificada no apoio à criação e execução da Primeira Liga, nossa diretoria teria optado pela renovação com as Organizações Globo, ainda que tais rumores não estejam oficialmente confirmados. Evidentemente que sem saber os termos do negócio qualquer análise pode ser contestada, mas alguns pontos chamaram-nos a atenção, notadamente sob o aspecto financeiro.
Em nota oficial, o canal Esporte Interativo informou que apresentou uma proposta aos clubes que consistia em até nove vezes mais o arrecadado com TV fechada (a atual transmissão que ocorre através dos canais SporTV 1, 2 ou 3, não incluindo o PPV), no valor total de R$ 560 MI, divididos 50% igualmente, 25% em razão da classificação do torneio anterior e 25% em face da audiência proporcionada pela equipe (sem maiores detalhes sobre os mecanismos de medição). Ainda que não esteja explícito, tudo leva a crer que tal montante seria atingido no caso da concordância dos vinte clubes ou de todos, já que não se sabe ao certo como foi a precificação. Por conta da lei, apenas a concordância dos dois clubes permite a exibição de uma partida e para a transmissão de qualquer jogo obrigatoriamente ambas as equipes devem estar acordadas com a emissora.

A proposta da Globo consiste num valor completo de 1.1 Bilhão de Reais, incluindo-se também a tv aberta e o PPV. Não se sabe ao certo a relação entre o montante destinado à TV fechada e o valor global, mas segundo especulado tal repasse monta entre 11 e 14% do total. Para efeito de cálculo, admitamos que tal percentual atinja 20% (número talvez superestimado), o que daria R$ 220 MI a serem divididos entre todos os clubes, orçado 2.5 vezes menor do que a proposta da Turner. Evidentemente que a variável "dinheiro" não pode ser a  única a ser avaliada num acordo desse naipe, mas inegavelmente tem um peso bastante grande, principalmente quando falamos de um compromisso no mínimo trienal.

Com poucas informações consolidadas, cabe citar também o exposto pelo vice-presidente do São Paulo, Athaíde Gil Guerreiro, que abriu as duas propostas para apreciação no Conselho do clube paulista, conforme reproduzido abaixo. O proposto pelas Organizações Globo aparentemente apresenta algum avanço na questão de se evitar uma espanholização do campeonato, notadamente quanto à distribuição dos valores. De outro modo, preocupa bastante a inclusão de premissas que teoricamente não valem para outros clubes, já que as luvas no valor de R$ 60 MI seriam uma benesse ao SPFC.


Proposta da Globo:

- O contrato seria de 2019 a 2024 com luvas de 60 milhões. A emissora não reduziria os contratos atuais como os outros clubes assinaram;
- A partir de 2019 não daria maior quantia ao Corinthians e ao Flamengo. A distribuição do valor de 1 bilhão e 100 milhões da TV aberta e da TV fechada ficaria assim: 40 por cento dividido pelos 20 times igualmente , 30 por cento pela classificação no campeonato e os outros 30 por cento pela exposição na TV.

Proposta do Esporte Interativo

- O clube receberia 40 milhões de luvas e 560 milhões somente da TV fechada que seriam divididos da seguinte forma: 50 por cento divididos de maneira igualitária entre os clubes, 25 por cento pela classificação no campeonato e 25 por cento de exposição na TV de acordo com o Ibope. Além disso o Esporte Interativo indenizará o São Paulo se houver retaliação por parte da Globo.


Tirando por base que ambas as ofertas sejam verdadeiras, rapidamente concluímos que a proposta do grupo Turner mantém-se mais vantajosa (lembrando-se mais uma vez que trata apenas da TV fechada), caindo por terra a possível perda financeira em caso de retaliação do Grupo Globo, já que tal prejuízo seria suportado pelo concorrente. É evidente que falar em indenização sem mergulhar nos valores, condições e ponderações pode soar um pouco raso, mas é um fator bastante positivo em prol do Esporte Interativo.

Mas deixemos um pouco as discussões monetárias de lado e cheguemos ao que talvez seja o cerne da questão. Uma decisão do gênero deve levar em conta uma série de aspectos conforme já expusemos acima, exatamente para que se opte pelo que melhor trabalha a relação risco/retorno para o clube. E nesse sentido o silêncio da diretoria chega a ser constrangedor, numa surdina de dar inveja a qualquer cemitério.

A atitude do vice-presidente Athaíde é correta, já que uma decisão de tal gabarito deve obrigatoriamente ter cunho público, bem como todas as opções disponíveis. Não só os conselheiros do Fluminense, mas principalmente seus mais de 6 milhões de torcedores têm todo o direito de ter a ciências das nuances e de todos os valores envolvidos, já que hoje os direitos de transmissão são a parte mais significativa do orçamento de qualquer clube do G12 e podem muito bem gerar distorções irrecuperáveis, como infelizmente vivenciaremos no triênio 2016-18 em relação a Flamengo e Corinthians.

O grupo Esperança Tricolor solicita ao Presidente Peter que clarifique as opções do Fluminense e que venha a público desmentir rumores de que o clube já teria aceitado a proposta das Organizações Globo, sem nenhum debate interno ou contraponto. Ainda que existam questões sigilosas em várias situações, definitivamente este não é o caso. Todos nós temos o direito de saber.


Saudações Tricolores,
Esperança Tricolor

P.S.: Quanto ao último jogo, só iremos nos pronunciar sobre o futebol que o time vem jogando caso ocorram duas condições:
1 - A mudança considerável no estilo de jogo do time, caso o time passe a jogar um futebol muito melhor do que vem apresentando nos últimos seis meses;
2 - A mudança de TODO o departamento de futebol do clube.
Caso uma destas mudanças ocorram, voltaremos a falar sobre o futebol do clube.

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