1 de abril de 2015

Obrigado pelo sorriso

Nunca imaginei que um sorriso constante e presente pudesse simbolizar algo tão ruim, desprezível e desrespeitoso. Até agora o menosprezo e o deboche contidos naquele sorriso, inoportuno, fora de hora e desproporcional, não saem da minha cabeça.

Aquele sorriso era um sorriso de quem queria humilhar. Era a expressão clara e absoluta de que a pessoa que controlava aquele sorriso se sentia em casa, dona da situação e que menosprezava todos que ali estavam e que não concordavam com sua linha de raciocínio.

Aquele sorriso gritava para todos que perdiam seu tempo, que tudo já estava decidido. Dizia claramente, com menosprezo e arrogância, que não importava o que fosse dito. Não importava se você levou 5 horas para chegar no clube. Não importava se você não comeu, não estava com sua família. Não importava que você chegaria em casa depois de uma da manhã. Você era insignificante. Aquele sorriso constante e impertinente queria te dizer isso.

De quem era o sorriso? Não importa. A pessoa não é importante por mais que ela tenha parecido se importar em mostrar que era importante. Repetido mas importante repetir. Por mais que ela tenha sido a representação do espírito daquela reunião. O que importa é que por respeito às tradições do clube, aos sócios presentes e ausentes e aos conselheiros, por respeito a posição que ocupava em uma reunião importante de conselho, essa pessoa deveria ter postura. Respeito. Mas não. Ela, a pessoa, preferiu ele, o sorriso, constante e onipresente.

Somemos ao sorriso a postura do nosso presidente. Alheio a todos os discursos. Alheio a todas as argumentações. Alheio a todas as dúvidas e perguntas. Conversando com todos. Circulando como se estivesse numa festa. E talvez fosse uma festa. O sorriso de seu apoiador nos lembrava isso a todo tempo. Mas existe algo chamado liturgia do cargo. Existe outra chamada ser anfitrião. Por respeito às pessoas que se dignaram a ir a reunião, a liturgia e a educação recomendavam, num clube dito fidalgo, que seu presidente tivesse postura de anfitrião. Que se sentasse na primeira fila. Que ficasse atento a tudo que se dizia, mesmo discordando. Mas que mostrasse respeito às pessoas. Respeito ao clube. Respeito ao cargo. Que seguisse o exemplo de seu vice, Pedro Antônio, que ficou o tempo todo sentado na primeira fila, escutando e atento ao que era dito e discutido. Mas não. Para que? Era festa. E numa festa se dança e se conversa.

Enfim, como disse brilhantemente um conselheiro em suas considerações finais, mais ou menos com essas palavras: "...eu não vim aqui para aprovar ou reprovar o orçamento. Eu vim para entender. E para isso esperava um debate que nos foi negado. Por isso me abstive de votar." E concluiu: "por isso não faço parte de nenhum grupo político. Porque esse clube virou um centro de politicagem."

Sábias palavras. E eu que fui a minha primeira reunião de conselho e faço parte de um grupo político, saio com o estômago doendo e acusando o golpe. Não do sorriso debochado do apoiador, ou do desinteresse e da postura do presidente quanto ao debate de ideias. Mas dessas palavras finais do indignado conselheiro.  O que vi hoje foi um grupo de fiéis seguir uma cartilha ditada por seus líderes. Um deles sobre o breve e brilhante discurso final do conselheiro, dizia na saída da reunião: "mas ele queria o que? Entender o que? Debater o que?" Como se dissesse: "nós já debatemos no nosso grupo e dissemos que é bom, é completo, detalhado como nunca na história desse país, ops, clube."

"Ele queria o que?" Destaco essa frase.

Quero crer que esse grupo enxergou algo que a todos os demais foi negado mostrar. Que perceberam algo maior e que fará do FFC um clube ainda mais gigante. Torcerei e muito por isso. Adorarei dizer que aquele sorriso era de alegria e júbilo pelo bem feito ao clube. E que aqueles votos eram conscientes e pautados na verdade e no bem maior.

Me resta torcer. Como brilhantemente disse meu xará: "que o Fred siga fazendo muitos gols."

Minha resposta ao sorriso é de agradecimento. Graças a esse sorriso impertinente e constante, me convenci de que estou fazendo o correto. Me deu forças para seguir lutando por um Fluminense maior e melhor. Obrigado por esse sorriso.

Danilo Fernandes
Sócio Contribuinte e Membro do Esperança Tricolor

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