26 de fevereiro de 2016

Conselho

Dissemos que não falaríamos mais sobre futebol no nosso último texto, mesmo apesar de agora já termos motivos para voltar a falar sobre o assunto. É salutar dizer que o Fluminense perdeu para um dos piores times que o Botafogo já teve em toda a sua história. E olha que a folha de pagamento do departamento de futebol alvinegro não deve chegar à metade ou dois terços da folha de pagamento tricolor. Mas vamos falar aqui sobre outra coisa. Vamos falar sobre responsabilidade.

Creio que muitos de vocês leitores conheçam ou já ouviram falar na rede social Twitter, tenham vocês sua conta na rede social ou não. Durante o jogo de quarta-feira, quem tem sua conta e segue o perfil de um dos conselheiros do clube, viu o mesmo tentando amenizar a culpa do péssimo rendimento do time em campo por parte do ex-técnico e jogando-as para os jogadores. De certa forma, concordo que os jogadores possuam a sua parcela de culpa, já que houve outros episódios onde os mesmos pareceram fizeram corpo mole. Também concordo que o ex-técnico possuía uma pequena parcela da culpa dos problemas do time. Reconheço que ele vinha apresentando um bom trabalho no seu clube anterior, até o momento onde ele descobriu que possuía um time titular e que o restante do elenco não era capaz de manter o bom rendimento em campo, já que alguns titulares haviam se lesionado. Porém tenho que reconhecer que mesmo este bom trabalho infelizmente não o habilitava para treinar o Fluminense, tendo em vista o atual panorama do clube.

E qual é o panorama atual do clube? Simples. Infelizmente somos obrigados a reconhecer que todo o departamento de futebol do clube estava (ou ainda está) sendo liderado justamente por quem não deveria estar comandando, o líder do elenco de jogadores. E por quê isto acontecia? Justamente por quê quem deveria realmente comandar o futebol do clube não possuía estofo para a função. E este decidiu que a melhor maneira de lidar com os jogadores foi ser a figura do "amigão" deles e não a de um gestor, que cobra quando há a necessidade não importando o status do jogador dentro do elenco. E como o "amigão" nunca se impôs como chefe do elenco de jogadores, criou-se um vácuo de poder que precisou ser preenchido por alguém. E infelizmente o líder do elenco assumiu este "cargo" faz tempo. Tanto é que desde o ano passado muitos torcedores percebem que só joga quem faz parte do grupo do Líder. Tendo em vista esta situação que ocorre no departamento de futebol do clube, como poderia um técnico jovem e com pouca experiência fazer mudanças drásticas no time se este sabia que não teria apoio do clube na sua decisão? Como fazer mudanças no time quando o técnico sabia que quem realmente manda é um dos jogadores do elenco? Aí mora o real problema do Fluminense.

Lembram quando eu falei no início do texto que iríamos falar sobre responsabilidade? Agora chegamos no ponto, meus caros. Analisando friamente todo o atual panorama do futebol tricolor, sabe quem são os reais culpados por tudo estar do jeito que está? O agora ex-Vice-Presidente da pasta? Não. O Conselho Deliberativo do clube! Sim, eles mesmos. E por quê eu digo isto? Por que a escolha do atual responsável pela pasta passou pelo crivo deste conselho.

A escolha do atual vice-presidente foi pensada pelo grupo político que apoia gestão, ressaltando que este possui maioria no Conselho, possivelmente baseada em duas condições: a atuação do advogado no julgamento ocorrido no fim do Campeonato Brasileiro de 2013 (onde caiu nas graças da torcida, mesmo defendendo desnecessariamente uma causa que já era considerada ganha a favor do clube), assim como a atuação do mesmo na arrancada de 2009 (de acordo com as afirmações do próprio). Foi realizada uma votação no Conselho para aceitação do nome para o cargo, mesmo tendo em vista que a situação gerasse um conflito de interesses, já que o advogado seria um misto de diretor jurídico e vice-presidente de futebol (além de participar do processo de seleção de jogadores para o elenco de futebol do clube como vice-presidente de futebol, o mesmo ainda ficaria responsável como diretor jurídico por analisar juridicamente os contratos e distratos feitos entre Clube e jogadores). E mesmo com esta situação temerosa, a aceitação do advogado para o cargo foi aceita pela maioria do Conselho (onde também foi aceita a indicação de Fernando de Simone, ex-membro do  grupo político, para o cargo de Diretor de Futebol). A dupla gozava de tanto prestígio por parte do grupo político, que em uma das reuniões do conselho uma das suas proeminentes lideranças afirmou categoricamente que "o futebol do Fluminense nunca esteve em mãos tão preparadas em toda sua história" (e pra quem duvida, esta afirmação está gravada, padrão ocorrido em todas as reuniões).

E então vieram os péssimos resultados. As eliminações vergonhosas. O desconhecimento do funcionamento de um departamento de futebol. O comportamento vergonhoso como gestor do departamento (onde vimos o advogado humilhar roupeiros e auxiliares do Madureira no jogo que valia a classificação para a fase final do estadual passado, o abraço no Wellington Paulista em uma comemoração de gol, entre outras). A total falta de comando no futebol do clube. E hoje em dia o advogado, que para o referido grupo político era o candidato para manter o legado deixado pelo presidente Peter Siemsem (de acordo com o pensamento geral do grupo político), perdeu todo o prestígio que possuía por conta dos seus próprios atos enquanto ocupou o cargo e foi convenientemente abandonado pelo referido grupo (que já vinha há algum tempo atacando frontalmente suas crias - Mário Bittencourt e Fernando de Simone). E chegando ao ponto onde durante a manhã de ontem o advogado demitiu o treinador e, pouco antes do anúncio oficial da demissão, o presidente exonera o advogado do cargo de vice-presidente, assim como também o diretor de futebol, alegando posteriormente que o advogado esteve mais preocupado com seu projeto pessoal de ser presidente do Clube em detrimento das funções do cargo.

Quanto a você sócio e/ou torcedor, não se deixe enganar:

1 - Pra quem acreditou na justificativa do presidente usada na coletiva pra justificar as demissões do departamento de futebol, não se engane. Tanto ele quanto o grupo político que o apoia sabiam que o ex-Vice-Presidente estava fazendo campanha política desde 2013. E tudo o que ocorreu no futebol do clube de 2013 até agora era sim sabido por estes. Todos são tão culpados quanto o próprio advogado;

2 - Com a queda do departamento do futebol, começam as especulações sobre quem serão os nomes a assumir os cargos. Alguns nomes aparecerão baseados em histórias recheadas de meias verdades;

3 - E com a chegada dos novos nomes para o departamento, será que estes conseguirão quebrar o poder paralelo existente no futebol do clube de forma que o novo técnico a ser escolhido possa fazer o que for preciso para formar um time competitivo?

Agora meu caro conselheiro, seja mais honesto com a torcida e pare de terceirizar a culpa dos problemas atuais do time para os jogadores ou mesmo para a torcida. Assuma, assim como todo o restante do Conselho, o seu quinhão de responsabilidade de terem colocado em um cargo tão importante para o clube pessoas que não possuem competência para as funções. Aos que apoiaram abertamente o incapaz advogado e o diretor de futebol, e que agora os largaram aos leões, assumam suas responsabilidades. Por que dar chilique nas redes sociais ou blogs é que realmente não mudará os problemas do Clube.

Será que seria pedir muito que alguns dos responsáveis diretos pela atual situação se preocupem mais com o Fluminense do que com seus projetos pessoais ou gosto pelo poder?


Alexandre Nogueira
Sócio-Futebol e Membro do Esperança Tricolor

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