Estimados tricolores,
Sou de 1972. Uma geração que quando
entendeu o mundo aprendeu que democracia era algo bom, mas que não conhecia.
Uma época em que o futebol era jogado por craques. E craque não era o que fazia
palhaçadas, rebolava, pegava modelos atrizes ou ajeitava seu cabelo para o
empresário dizer ao olheiro "meu jogador é aquele de cabelo moicano
pintado de roxo". Craque era craque.
Pois bem. Essa geração sempre sonhou
ser democrata, viver numa democracia. Num país onde discordar fosse saudável.
Onde ser contra a situação não fosse considerado "torcer contra".
Assim crescemos.
Do sonho, passamos à realidade. O país
se transformou, tivemos a abertura. Viramos um país em que qualquer um pode
exercer seu direito mais pleno como cidadão: opinar!
Assim vivemos alguns anos até que
voltou a ser "feio" discordar. Hoje em dia, o que se diz é:
"segundo as estatísticas, mais gente come, menos gente está na
pobreza." E aí concluem: "logo, como todos se metem em escândalos o
atual governo pode ser acusado de qualquer ato ilícito. Não importa. Prefiro um
que seja acusado de algo ilegal ou anti ético mas faça e que se preocupe com o
povo."
Fecha aspas.
Seguindo o raciocínio, ser contra,
discordar, criticar, é errado. É torcer contra, torcer pelo fracasso. Ué, mas
não era exatamente isso que se dizia da antiga oposição quando não era governo? E o Fluminense? Qual a relação? Aqui é
a hora de falar do direito democrático a discordar e ser oposição. Aqui está a
relação.
Vivemos um Fluminense estranho, onde só
se aceita uma opinião: a que está a favor. O curioso é que essa mesma
administração acusou a FERJ de ser uma herdeira do AI5. Mas internamente e nas
redes sociais, age muito parecido.
Julga a oposição de oportunista,
aventureira e sabotadora. Usa redes sociais para atacar, desvalorizar e
diminuir qualquer voz dissonante. E isso chegou até as rádios, já que no último
fim de semana, num debate, a oposição tricolor foi rotulada como "inimiga
do clube". Algo assim. Entendi mal?! O atual governo tricolor acha que
ninguém deve falar nada do clube ficar meses sem um VP financeiro como manda o
estatuto. Não encontraram um bom nome e pronto. Fica sem VP.
Segundo leio em redes sociais,
supostamente um VP tem um contrato com o clube que o remunera. E remunera bem.
E a oposição não pode perguntar se é verdade, não pode ver o contrato e nem
saber se ele existe. O que vale é o que esse VP produza para o clube.
Os fins justificam os meios, caso seja
verdade. Se não for verdade, ficamos no campo do exemplo. Afinal,qualquer
pessoa de bom senso dirá que há, no mínimo, um conflito no exemplo dado.
Explicando porque. O estatuto do clube
não permite VPs remunerados. Se temos no clube qualquer VP que seja remunerado
através de contratos particulares, isso é correto?
Não discuto se o profissional merece ou
não a remuneração. Até porque acho errado o estatuto. Temos um estatuto de 1900
e vovó que não segue o mundo moderno, onde um presidente e um VP com dedicação
exclusiva deveria sim ser remunerado... Em qualquer empresa o maior salário é
sempre do maior acionista e dos principais executivos. No futebol o craque
ganha 900 mil e o presidente e o VP, nada. Está errado. Mas quem se candidata
sabe disso. Sabe a regra do jogo.
Mas esse infelizmente não é o
pensamento vigente de maneira geral. As pessoas pensam que se você faz, você
merece a exceção. Oi? Como assim?
Um outro bom exemplo do atual estado
democrático do Fluminense. O clube contratou uma pessoa super competente e
honesta para ajudar na comunicação. Essa pessoa, dentro do direito democrático
e da função que exerce, usa as redes sociais para fazer o jogo político e
publicar matérias sobre o clube e seus diretores e atos e falar bem de
possíveis candidatos da situação. Isso pode e ela não é acusada de fazer campanha
ou seja lá o que achem da oposição.
Mas quando a oposição, sem se esconder,
faz o mesmo nas mesmas redes sociais ou reclama de problemas no clube, é
criticada. O que é isso? Democracia?
Respeito o direito de elogiarem a atual
administração mas quero respeito também quando ela for criticada. Sem rótulos
de "vocês só sabem criticar", "estão fazendo campanha",
etc. Li outro dia, por exemplo, que julgam
aventureiros aqueles que se opõem e lançam pré-candidato dois anos antes. E o
que eram eles há 10 anos? Aventureiros? Oportunistas? Torciam contra?
Não. Eles eram "diferentes".
Pensavam "diferente". Não tinham sido picados pela mosca azul do
poder. Não eram convidados para camarotes, áreas VIPs. Não conheciam gente
famosa, não apareciam na imprensa, não eram reconhecidos na rua. Hoje, são. Mas
não por eles, por mais que a vaidade diga que sim. São reconhecidos por algo
muito maior que eles. Um algo centenário. Histórico. E esse algo tem nome e
sobrenome: FLUMINENSE FOOTBALL CLUB.
Você que acha correto tudo isso, pare e
pense.
Eu não acho. E por isso nosso
planejamento parte de um princípio básico pouco praticado hoje em dia:
transparência! Uma palavra simples, mas que oculta princípios verdadeiros e
nobres para qualquer um que queira o bem. Nós queremos o bem do Flu. Então,
pedimos: parem com factoides. Parem de petetizar o FFC. Não menosprezem a
inteligência dos sócios e torcedores. Marketing é bom. Ótimo. Mas quando é do
clube.
E para não dizer que não elogiamos:
Excelente o trabalho até agora de
renovação de contratos. Se conseguirem manter Wagner, Kennedy e Walter, já que
brasileiro é coisa séria e precisamos de elenco, quase tiram 10.
Elogiável também a alta produção de
talentos de Xerém.
E segundo o Horta, parabéns à VP Social
pela organização da terça de carnaval para as crianças. Problemas reportados
nos primeiros dias foram corrigidos e tudo correu bem no baile infantil.
E aí? O que comentarão? O elogio ou a
crítica? Democracia, amigos... Democracia.
Saudações Tricolores,
Danilo Fernandes
Sócio Contribuinte e Membro do Esperança Tricolor